quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O que te faz amadurecer?

  Eu nunca havia pensado seriamente em um dia ser mãe...Sério há meninas que sonham com esse momento,que "desenham" sua vida e até a quantidade de filhos que terá,pois bem,eu não fui uma dessas.Se eu brincava de bonecas?Claro,mas também tinha consciência que era apenas uma boneca,e que quando não quisesse mais,era só jogar num canto e pronto.Quando eu tinha 14 anos minha mãe,teve a minha irmã Gabrielly,que eu ajudei muito a embalar,já que minha mãe volto a trabalhar pouco tempo depois que a Gaby nasceu,mas isso não amadureceu minha ideia sobre maternidade,pois mesmo que eu ajudasse a cuidar da Gaby,ela não era responsabilidade minha,e sim da minha mãe que devia prover as suas necessidades.
     Com cerca de 15 anos,eu li um livro chamado: Dibs em busca de si mesmo,que por sinal,é muito bom,conta a história de um menino que tem suspeita de autismo e é levado a uma psicologa pra fazer ludoterapia...Na época não sei pq,mas o livro mexeu mto comigo.A vida seguiu,e mesmo após muito tempo,aquele livro ainda estava na minha cabeça,confesso que pelo fato de tê-lo perdido pode ter contribuindo com isso.
      O tempo passou,e eu fui criando minha opiniões sobre as coisas,confesso que muitas vezes opiniões preconceituosas sobre as coisas,por exemplo,quando eu tinha uns 17 anos comecei a trabalhar no Mac Donald's (sim,eu fui uma mac escrava),no centro de Porto Alegre,algumas vezes por sair direto da escola,ia direto pra lá,e pra não chegar tão cedo,sentava na praça que tinha perto do trabalha,por lá frequentemente havia uma menina,que deveria ter uns 15 anos,e que distribuía aqueles panfletos que tem o alfabeto em língua de sinais,e também tinha uma mensagem embaixo,mais ou menos assim: Sou surda-muda,por isso não consigo trabalho,gostaria que você,se pudesse me ajudasse com 1 real,que Deus lhe abençoe.Naquela ocasião,eu ajudei a menina,e fui trabalhar,passou muito tempo até ver a menina novamente,e quando eu a vi,ela estava com uma barriga enorme,deveria estar com uns 5 meses de gestação,e o primeiro pensamento que me veio foi:Mas que essa surda esta fazendo grávida?-e segui com meu caminho,sai do Mac,e nunca mais vi a tal menina...
   E mais uma vez a vida seguiu...Mudei completamente de cidade,encontrei alguém que me completa,namorei e casei,isso mesmo,pulei o noivado...
   Logo após o casamento a vontade imensa de ter um filho,antes do Emanuel,passei por duas perdas,que mais tarde explico melhor,e junto com Emanuel,perdi a maninha gêmea dele.Emanuel nasceu muito prematuro,25 semanas,e com isso teve todo aquele tempo na uti,no caso dele foram 4 longos meses,e nesses quatro longo meses,ele teve muita intercorrência,entre elas uma hemorragia intracraniana grau 4...Não sei se foi dessa hemorragia que surgiram as sequelas,ou de vários outros fatores que ele passou na uti,só sei que hoje,e depois de entrar nesse mundo tão confuso de limitações motoras,eu veria aquela menina com outros olhos...Aprendi a dura penas que não é pq vc é surda,muda,tem limitação motora que não pode levar uma vida normal,ou talvez o mais perto do normal possível,afinal hoje é isso que busco para meu filho.
    Existem certas coisas,que a gente só aprende na prática,uma delas,é lidar com limitações,e ver que mesmo sendo um tantinho confuso,complicado,e muitas vezes,e de certa forma,dolorosas,afinal vemos quem amamos, preso a uma situação que não depende de nós pra resolver,ainda há vida,esperanças,sonhos,e
força...Aprendi que meu filho é sim uma pessoa especial,e o que classifica ele assim,não são as limitações que ele tem,e sim a importância que ele tem na minha vida,é apenas isso,e apenas por isso que o julgo especial...
   

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